Álbum instrumental traz uma série de participações, incluindo Chico Amaral, Sérgio Pererê e Raquuel, que também são convidados do tecladista no show de lançamento, que acontece no dia 21 de maio, terça-feira, no Sesc Palladium
Artista multifacetado, o tecladista da banda mineira Pato Fu, Richard Neves, é também produtor responsável por trabalhos ao lado de gente do calibre de Milton Nascimento, Ivete Sangalo, Samuel Rosa, Ney Matogrosso e muitos outros bambas da música brasileira. E um entusiasta de instrumentos e timbres musicais, atualmente com um apego especial pela viola caipira e pelo sitar indiano. Munido de referências tão plurais e com mais de duas décadas de uma carreira bem consolidada, o músico e produtor Richard Neves lança o seu primeiro álbum solo. “O Mergulho” conta com sete faixas instrumentais que transitam entre percussões e sintetizadores, perpassando por diversos gêneros e referências.
O show de lançamento acontece no dia 21 de maio, terça-feira, às 20h, no Teatro de Bolso do Sesc Palladium, e tem participações de três artistas que participaram da gravações do trabalho: Chico Amaral, Sérgio Pererê e Raquuel. Os ingressos podem ser adquiridos mediante a doação de 1kg de alimento não perecível.
“O Mergulho” começou a ser gerado ainda na pandemia, quando Richard desengavetou ideias, timbres e uma série de elementos que ajudaram a compor o álbum, como uma espécie de cartão de visitas de sua trajetória artística. “Eu sentia falta de ter algo que marcasse minha obra, depois de tantos trabalhos e parcerias distintas na música. O disco nasceu a partir desse desejo. Eu já tinha a ideia de trabalhar com um universo instrumental, que até então era pouco explorado por mim. Aí fui juntando várias das minhas influências sonoras nessa produção, que vão desde a música popular, passando por João Donato, pela Orquestra Rumpilezz, pela capoeira, o candomblé”, justifica o artista.
Os tambores e percussões aliados a sintetizadores eletrônicos são o pano de fundo majoritário de um álbum que agrega muitas paisagens sonoras, como Richard Neves define os diversos temas musicais que compõem o disco e que soam como tramas cinematográficas, a partir de referências que perpassam cantos de umbanda, batidas brasileiras de samba e levadas harmônicas mineiras, além de salpicadas de latinidade e soul music, guitarras de blues, jazz e muito mais.
As gravações do disco foram concentradas no Estúdio Salamandra, na casa de Richard Neves, em Belo Horizonte. E a mixagem ficou por conta de Kiko Klaus, no Estúdio Camarada Mixmaster. “Não é um disco de improvisação instrumental. Ao contrário, é um disco de temas, a partir de timbres cuidadosamente escolhidos, ora mais solares, ora mais lunares, mas sempre intencionais e direcionados. Por isso, as músicas soam como paisagens sonoras porque te levam para atmosferas bem marcadas. E esse também é o resultado de um disco com muitas participações, feito a várias mãos”, avalia Richard.
Parcerias e amizades
De fato, o álbum de estreia de Richard Neves reúne muitos amigos e, não por acaso, músicos do mais alto padrão. O single “O Mergulho”, que dá nome ao disco, foi lançado em 2022 como aperitivo do disco, reunindo uma atmosfera latina de lambada e samba conduzida por sintetizadores agudos. A faixa tem participações de Matheus Bahiense (congas), conhecido baterista da cena belo-horizontina, e Paulo Santos (bongô e tambor falante), percussionista co-fundador do Grupo Uakti. A música ainda ganhou um videoclipe com imagens captadas pelo ator Daniel Oliveira, apresentado a Richard Neves por um amigo em comum, o produtor Eduardo Bidlovski, o BID, junto a montagens audiovisuais assinadas pelo videomaker Helton Lima.
“Conheci o Daniel de forma despretensiosa, comecei a segui-lo nas redes sociais e percebi que ele gravava muitos vídeos interessantes. E tinham várias filmagens com água, em câmera lenta, com linhas imagéticas que me agradavam. Pedi a ele para usar em um videoclipe e ele acabou enviando muitos vídeos legais que usamos em ‘O Mergulho’. Aí fizemos uma edição com o Helton Lima e essa foi uma das primeiras participações do que viria a ser o álbum, repleto de amigos que ajudaram a moldar esse som”, diz Richard.
As (muitas) parcerias do disco contribuem para delinear um som original e diverso, que vai da “capoeira ao futurismo eletrônico”, como definiu o produtor Chico Amaral, que também participa do álbum tocando flauta na faixa “La Mano Negra”, música carregada da nítida atmosfera jazzística de João Donato. “O Chico representa bem o processo do disco, porque ele apareceu muitas vezes na minha casa para papear, tomar um café, falar de política e, claro, de música. O disco todo teve esse processo de trocas com pessoas que admiro e que são amigos presentes na minha vida”, justifica Richard.
No campo percussivo, Richard Neves trabalha com a nata de instrumentistas brasileiros. Marcos Suzano é o responsável pelo pandeiro e pela bateria eletrônica de “Jogos dos Arcos”, música que reverencia a capoeira com direito a berimbaus e cantos populares. Raquuel (efeitos vocais), pupila de Maurício Tizumba e dona de um sólido trabalho com a percussão mineira, encorpa a faixa “Um Pedaço de Pão” com seus vocais potentes, embalada pelo brilho das guitarras distorcidas de John Ulhoa (Pato Fu).
Além deles, Sérgio Pererê (flautas), Júlia Tizumba (patangomes e prato), filha do mestre Maurício Tizumba, e Acauã Ranne (percussões), sobrinho de Pererê, se unem na faixa “Curumim Cunhatã”, que tangencia o baião nordestino com a força dos tambores de Minas para homenagear o espírito infantil da umbanda. Completando o time percussivo, o carioca Jorge Alabê cedeu os samplers do seu álbum “Cantigas e Ritmos dos Orixás” (2012), que faz uma ode ao candomblé e acrescenta o vigor dos tambores de terreiro ao álbum, tendo participação nas músicas “Remanso” e “Um Pedaço de Pão”.
Mesmo com muitas participações, Richard Neves é o responsável não apenas pelos teclados, synths, farfisas e rhodes presentes no álbum, sempre embalados por timbres muito originais. Em sua estreia fonográfica, o artista também assume a produção do disco e os violões, berimbaus, guitarras e até mesmo algumas vocalizações, como o canto forte da faixa “O Rei da Mata”, que repete um mantra em reverência a Oxossi, em mais uma das breves vocalizações presentes no álbum predominantemente instrumental. A música ainda tem a participação do percussionista Daniel Guedes conduzindo o djembê, um tipo de tambor africano originário de Guiné.
Show de lançamento
Para a apresentação ao vivo do álbum “O Mergulho”, Richard Neves prepara um formato mais intimista para reproduzir o disco na íntegra, de forma adaptada, mas ainda assim, fiel às essências das músicas. No palco do Teatro de Bolso do Sesc Palladium, estarão os músicos Acauã Ranne e Débora Costa, ambos nas percussões, e Marcus Nogueira nos teclados. Além deles, Richard Neves estará à frente de teclados, synths e rhodes, mas também pretende agregar outras surpresas no show, como o sitar indiano e a viola caipira, instrumentos aos quais ele tem se dedicado recentemente. Junto às faixas que compõem “O Mergulho”, o show vai brindar o público com músicas inéditas e releituras de artistas como Chico Buarque, Gilberto Gil e Milton Nascimento.
“A ideia é fazer um show em que a base seja sintetizadores e percussão. Como o álbum tem muitas participações, para o show, prezei por ter ao menos dois percussionistas e também mais um teclado, já que os temas do disco têm muitos synths, teclados e percussões sobrepostas. Esperamos fazer uma apresentação que represente bem toda a pluralidade do disco e traga coisas novas, como os instrumentos que tenho estudado e estou pensando em encaixá-los no show, além de algumas releituras”, avalia Richard.
Sobre Richard Neves
Mineiro de Tiradentes (MG), Richard Neves, 41 anos, está radicado em Belo Horizonte desde 2010. Tecladista, produtor e autodidata, o artista tem trabalhos assinados ao lado de de grandes nomes da música brasileira, como como Milton Nascimento, Ivete Sangalo, Samuel Rosa, Paula Lima, Ney Matogrosso, além dos mineiros Sérgio Pererê, Maurício Tizumba, Pedro Morais e Raquuel. Internacionalmente, produziu trilha sonora para abertura do 5th International Meeting of Social Solidarity, em Manilla, nas Filipinas (2013). Como compositor, também participou do projeto canadense The Tree of Music (2014). Atualmente, além de produzir artistas de Belo Horizonte e São Paulo, Richard é tecladista da banda mineira Pato Fu desde o ano de 2016.
O projeto "O Mergulho" é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.
SERVIÇO.
Richard Neves lança o álbum "O Mergulho"
Quando. 21 de maio (terça-feira), às 20h
Onde. Teatro de Bolso do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro)
Quanto. Os ingressos podem ser adquiridos mediante a doação de 1kg de alimento não perecível (exceto sal ou fubá). A troca de alimentos por ingressos deve ser realizada na bilheteria do Sesc Palladium.
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